Foto: Guto Kuerten, Agência RBS |
Indignados com os frequentes acidentes no Morro dos Cavalos, em Palhoça, na Grande Florianópolis moradores se reúnem na próxima Quarta-Feira com autoridades para discutir uma solução para o quilometro 235. O trecho é perigoso e uma falha na pista contribui ainda mais para o aumento do número de mortes. Tanto Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) quanto a concessionária Autopista Litoral Sul divergem sobre a responsabilidade do reparo.
Acidente com o ônibus da Pluma avoluma estatísticas das mortes no trecho |
Estatísticas da Polícia Rodoviária Federal apontam que dos 110 acidentes contabilizados até setembro deste ano, oito pessoas morreram. Na semana passada uma colisão entre um caminhão e um ônibus matou o motorista Dionir Valério. Ele dirigia o ônibus da Pluma sentido sul, quando colidiu com a carreta que invadiu a pista contrária, no sentido norte. Valério foi considerado um herói por ter evitado a morte de mais pessoas ao impedir que o ônibus caísse no barranco. Cansado das mortes no Morro dos Cavalos o professor e jornalista aposentado, Rui Barcellos, levanta uma campanha no Facebook para que a cobrança de pedágio na nova praça em Paulo Lopes só tenha inicio quando moradores tiverem uma solução no trecho.
O medo ao passar pelo local é constante. O corretor de imóveis Marcelo Gonçalves, morador na Ponta do Papagaio, evita transitar pelo local e costuma fazer o sinal da cruz ao cruzar a ponte sobre o rio Maciambu, antes da subida do Morro dos Cavalos. Após testemunhar dois acidentes, não dirige no trecho nos finais de semana e durante a noite.
— É uma roleta russa, se tento diminuir a velocidade os motoristas dos caminhões querem passar por cima. A gente nunca sabe se vai sair vivo dali — desabafa.
Medo ronda trecho da morte
No dia 20 de julho deste ano, um sábado, Gonçalves voltava de um aniversário quando passava das 22h e chovia no km 235. Acompanhado da mulher, Graziela Machado, descia o Morro dos Cavalos, no sentido sul. O casal se assustou quando viu um Corsa prata no sentido contrário perder o controle na curva e invadir a outra pista, na subida do Morro. Um pouco mais a frente de Gonçalves estava um caminhão, um Volvo de Urussanga, que não conseguiu evitar a colisão frontal. No Corsa de Criciúma, estavam quatro amigos, que voltavam de um acampamento em Garopaba em direção a Balneário Camboriú. O condutor Luan Cardoso Carlos, de 21 anos, e mais dois passageiros, Guilherme Schneider e Kamila Laurindo, de 21 e 25 anos, morreram no local. Francine Frasson Acoordi, de 21 anos, sobreviveu após passar por cirurgias.
— Minha mulher ficou segurando a mão de um deles, que morreu em cima da maca. O silêncio tomou conta do local, eram quatro jovens lindos— lembra.
Moradores exigem solução
Cansados de esperar por providências, na próxima quarta-feira, às 20h, no salão paroquial da Enseada do Brito, em Palhoça, a comunidade se reúne com autoridades e lideranças para exigir soluções para o km 235. O presidente do Conselho de Segurança Cambirela, Denísio Dias Kehl, lembra que antes de grande obras, como a quarta faixa e os túneis fiquem prontas, uma solução emergencial precisa tomada para evitar mais mortes. Segundo Kehl, representantes da Câmara de Vereadores e Prefeitura de Palhoça estarão presentes e são esperados também outros envolvidos como Dnit, Autopista, Ministério Público, Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e PRF.
Depoimentos
Presidente do Conselho de Segurança Cambirela, Denísio Dias Kehl:
"A quarta pista foi aprovada e ainda nada foi feito. Só este ano foram mais de cem acidentes e ficam neste jogo de empurra-empurra e ninguém resolve nada. A comunidade da região sul de Palhoça não aguenta mais os acidentes no Morro dos Cavalos, até quando vamos perder vidas ali? Queremos uma alternativa, uma saída emergencial para o km 235, da BR-101".
Professor, Jornalista e morador em Garopaba, Rui Barcellos:
"Somos obrigados a passar por ali, mas é muito perigoso. A obra na nova praça de pedágio eles estão tocando com urgência, mas uma obra para salvar uma vida é demorado para sair. Esta situação é revoltante, por isso resolvi fazer uma campanha no Facebook, para que a cobrança de pedágio na nova praça localizada em Palhoça só tenha inicio quando as obras do Morro dos Cavalos estiver concluída".
Corretor de imóveis Marcelo Gonçalves:
"Eu já tive muitos problemas ali de madrugada tem muita neblina e tem um agravante que naquela região não pega sinal de celular, muitos acidentes acontecem sem ao menos entrarem para as estatísticas da polícia. Precisamos de radares para reduzir a velocidade, já tentei falar com o superintendente do DNIT é um absurdo ficarmos nesta situação".
Fonte: Diário Catarinense
Nenhum comentário:
Postar um comentário