Ás vésperas de completar um ano das matérias jornalísticas investigativas do Grupo RBS, que atualmente está sendo pesadamente irrigado com dinheiro da concessionária de Pedágio, a AURESC relembra também que em 2005 importantes federações ligadas ao setor produtivo tentaram habilitar-se em propostas para concessão de duas rodovias federais em Santa Catarina.
O governo do Estado, há época, apresentou ao Ministério dos Transportes, uma da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) e outra da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). As duas foram consideradas inconstitucionais e, segundo o relatório, não guardavam a mínima relação com a legislação federal. "O Ministério dos Transportes não se opõe à possibilidade de delegar rodovias federais aos Estados, desde que no convênio de delegação sejam estabelecidas as regras mínimas a serem observadas, as quais serão ditadas conforme legislação federal e não estadual", dizia o relatório.
A proposta da Fiesc previa a criação de uma sociedade de economia mista, que seria responsável pela ampliação e melhoria da infraestrutura viária de Santa Catarina, a SC Transportes. A Federação defendia o caráter estatal da empresa porque isso daria mais credibilidade à mesma. A SC Transportes seria financiada pelos créditos de exportação que as empresas têm com o governo federal.
O não do ministério dos Transportes para essa proposta tem apenas um motivo, curto e direto: "não há dotação orçamentária prevista para o pagamento desse crédito nos orçamentos federal (devedor) e estadual (repassador). O valor da dívida seria de R$ 400 a R$ 500 milhões", diz o relatório.
A proposta da Fetrancesc, que no decorrer dos trabalhos foi escolhida pelo governo do Estado como ideal, foi analisada mais a fundo e foram encontrados mais problemas também. A Federação propunha uma modelagem de pedágio social, que seria calculado por quilômetro rodado e não por praça estática, como ocorre no restante do País. Estudantes e usuários trabalhadores pagariam um pedágio menor. Para controlar as rodovias seria criada uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), executora e gestora de todo processo, regulada pelo Estado por meio da SC Parcerias - empresa de economia mista criada para atrair projetos de parcerias público-privadas (as famosas PPPs).
SC Parceria deu início ao impasse
Os problemas começam já com a SC Parcerias. "A amplitude do objeto social (da SC Parcerias), que excede à matéria pertinente a um convênio de delegação de rodovias, inviabiliza a administração e exploração de rodovias pela empresa em questão", diz o relatório. A lei que cria a SC Parcerias permite ainda que ela ceda os direitos de concessão a terceiros contratados. Ou seja, o Estado previa que, recebendo a outorga do governo federal, poderia repassar diretamente a concessão das rodovias à SPE, criada pela Fetrancesc. Na prática, a rodovia seria privatizada, sem licitações.
Os problemas começam já com a SC Parcerias. "A amplitude do objeto social (da SC Parcerias), que excede à matéria pertinente a um convênio de delegação de rodovias, inviabiliza a administração e exploração de rodovias pela empresa em questão", diz o relatório. A lei que cria a SC Parcerias permite ainda que ela ceda os direitos de concessão a terceiros contratados. Ou seja, o Estado previa que, recebendo a outorga do governo federal, poderia repassar diretamente a concessão das rodovias à SPE, criada pela Fetrancesc. Na prática, a rodovia seria privatizada, sem licitações.
O Ministério chegou a quatro conclusões: "são necessárias as obras de duplicação das rodovias BR-280 e BR-470, além da restauração das mesmas; sem prejuízo às ações do DNIT, visando a atender essas necessidades, o Ministério dos Transportes deverá incluir as rodovias na 3º etapa do programa de concessões federais (que não deve ser iniciado nesse governo); ficou definido que o condutor do processo de concessão à iniciativa privada das referidas rodovias será a União; merece atenção especial a situação jurídica da BR-470, uma vez que o processo de concessão desta rodovia encontra-se em análise perante o Tribunal de Contas da União", lista o relatório. (JR).
Em 1997 o governo já havia tentado instalar o sistema de pedágio na BR-470, entretanto, o Tribunal de Contas do Estado TCE-SC julgou irregular a forma com que seria gerido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário