sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Líder do PMDB faz lobby por sócio que disputa negócio de R$ 7 bilhões
Líder do PMDB na Câmara e pré-candidato à Presidência da Casa, o deputado Henrique Eduardo Alves faz lobby no Tribunal de Contas da União para que um de seus sócios obtenha o contrato de concessão da BR-101, entre o Espírito Santo e a Bahia. O negócio envolve cerca de R$ 7 bilhões.
O parlamentar do Rio Grande do Norte tem acompanhado representantes do Consórcio Rodovia Capixaba em reuniões para apresentar argumentos em favor do grupo de empresas aos ministros da corte, que decidem nesta quarta-feira, 29, sobre processo que pode beneficiá-las na disputa pelo contrato.
"Fiz um favor pessoal a um empresário meu amigo", disse ao Estado o deputado peemedebista.
A concessão da BR-101 é a primeira do governo Dilma Rousseff e está parada no TCU e na Justiça por questionamentos da Rodovia Capixaba, segunda colocada no leilão do trecho, à classificação, em primeiro, do consórcio Rodovia da Vitória.
Após sucessivos adiamentos, o tribunal marcou para esta quarta julgamento de recurso do Ministério Público junto ao TCU para impedir a contratação do grupo vencedor por supostas falhas na proposta.
Na última semana, Alves percorreu gabinetes do TCU, na companhia de um advogado e de uma diretora da empresa Caraíva Participações, conversando com ministros e distribuindo documentos com a defesa da Rodovia Capixaba. A Caraíva é sócia do deputado na TV Cabugi, do Rio Grande do Norte, e tem participação na Tervap Pitanga Mineração e Pavimentação, uma das seis empresas integrantes do consórcio derrotado.
O processo estava na pauta do TCU, órgão auxiliar do Legislativo, na quarta-feira da semana passada. Na véspera, Alves cumpriu roteiro em gabinetes de ministros, entre eles os de Walton Alencar e Aroldo Cedraz.
Em sessão do tribunal, no dia seguinte, o ministro Raimundo Carreiro, relator do caso, retirou o processo de votação, alegando não ter tido tempo de estudá-lo - cabe ao relator, antes de marcar o julgamento, preparar um voto, tendo como base relatório da área técnica.
Permeada de influências políticas, a concessão da BR-101 abriu uma crise nos bastidores do TCU. Como revelou o Estado no dia 12, o procurador do Ministério Público junto ao tribunal, Lucas Rocha Furtado, defendeu em plenário, no início do mês, a proposta da Rodovia Capixaba, que está lacrada num cofre da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e disse que o ministro José Múcio, então relator do caso, votava sob pressões.
Múcio rejeitara recurso do procurador, liberando a assinatura do contrato com o consórcio vencedor. Mas Furtado sustentou ter havido falhas e omissões graves na proposta do primeiro colocado, o que motivaria sua desclassificação. O ministro Carreiro encampou a sugestão do procurador, mas a votação foi suspensa sem qualquer decisão.
Após o embate público, Múcio deixou a relatoria, alegando suspeição, mesmo já tendo apresentado voto e concedido uma medida cautelar no processo. O caso passou a Valmir Campelo, que declinou da tarefa com a mesma justificativa. O processo foi então distribuído a Carreiro. Ex-secretário-geral da Mesa do Senado, ele foi indicado ao cargo pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
O líder do PMDB na Câmara admite ter percorrido gabinetes com representantes do consórcio derrotado. Segundo ele, foi um "favor" a Fernando Aboudib Camargo, dono da Caraíva e seu sócio na TV Cabugi. Inicialmente, o deputado citou Camargo como um empresário de seu Estado. Só admitiu a sociedade após ser confrontado com a informação.
Advogado do consórcio, Mauro Porto contou ter-se encontrado com o parlamentar no gabinete de Walton: "Encontrei com ele lá. O Henrique Alves conhece alguém, ia interceder, mas não sei como e nem por quê".
Alves diz ter visitado apenas Walton, tratando da concessão, e Cedraz, mas com outra pauta.
Ouvido pelo Estado, um terceiro ministro contou, no entanto, que o recebeu para a entrega do memorial com a defesa e ouviu o deputado tecer elogios ao sócio, integrante do consórcio. "Esse tipo de conduta não é comum no tribunal", comentou reservadamente o ministro.
A concessão da BR-101, cujo leilão foi realizado em janeiro, definiu o consórcio Rodovia da Vitória como vencedor com preço de pedágio mais baixo. A proposta do grupo não continha 35 itens exigidos pela Agência Nacional de Infraestrutura de Transportes, o que foi complementado em diligências posteriores.
A omissão levou o Ministério Público Federal a pedir liminares suspendendo o processo, concedidas pela Justiça. O TCU, que também havia decidido pela suspensão, revogou a medida após esclarecimentos da área técnica, o que levou ao recurso que será apreciado esta quarta. O trecho da concessão tem 475 quilômetros e será explorado pelo grupo vencedor por 25 anos.
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Consórcio derrotado escala neta de Sarney como representante
Procuração do grupo de empresas dá poderes a Maria Beatriz para defendê-los no processo em tramitação no TCU
Derrotado no leilão da BR-101, o Consórcio Rodovia Capixaba escalou a advogada Maria Beatriz Brandão Cavalcanti Sarney, neta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para cuidar de seus interesses no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Contratada pela Advocacia Bettiol, uma das bancas mais caras de Brasília, Beatriz consta de procuração apresentada nos autos pelo grupo de empresas, com poderes para defendê-lo nos processo. Segundo fontes da corte, a advogada também tem percorrido gabinetes para tratar da concessão bilionária.
Beatriz teve seu nome envolvido no escândalo dos chamados atos secretos, desencadeado a partir de reportagens publicadas pelo Estado em 2009. A neta de Sarney foi flagrada em escuta da Polícia Federal pedindo ao pai, o empresário Fernando Sarney, um emprego no Senado para um ex-namorado. Por influência do avô, ela própria já havia ocupado um cargo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Procurada pelo Estado, Maria Beatriz disse que trabalha para a Bettiol e esta é que tem vínculo com o consórcio. "Sou advogada formada há mais de seis anos, trabalho nesse escritório há mais de cinco e eles são contratados. Isso não tem nada a ver com lobby. A minha profissão e as minhas atuações, independentemente de eu ser filha, neta ou bisneta de seja lá quem for, isso não pode interferir na minha vida profissional", afirmou.
Questionada, ela não respondeu se tem se reunido com ministros do TCU. "Não sei por que eu teria de te dar satisfações de quais são os meus passos como advogada. Acho isso um absurdo", disse.
Fonte: O Estado de S.Paulo
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Brasil: Líder em pedágios
Brasil lidera o ranking das rodovias com pedágio no mundo
Com novas concessões, número deve ser o dobro da Alemanha; na malha total do País, porém, só 12% são asfaltadas
Renée Pereira, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O Brasil já tem a maior malha de rodovias pedagiadas do mundo. Quando concluir a licitação dos 7.500 quilômetros (km) previstos no pacote de concessão, lançado semana passada pelo governo federal, terá 22.973 km de estradas nas mãos da iniciativa privada - quase o dobro da segunda colocada, que é a Alemanha, com 12.788 km. Nos Estados Unidos, que detêm a maior malha rodoviária do mundo, a quantidade de rodovias com pedágios é de 8.430 km.
Apesar da liderança no ranking, o Brasil ainda deixa muito a desejar no quesito qualidade. Da malha total do País, apenas 12% é pavimentada. Boa parte, no entanto, em condições delicadas, conforme a última pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). No ano passado, a associação avaliou 92.747 km de rodovias asfaltadas e detectou que mais da metade estava em condição regular, ruim ou péssima.
Com a crise no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), deflagrada no ano passado e que paralisou quase todas as licitações para manutenção das estradas no País inteiro, a tendência é que os números piorem ainda mais este ano. "Estamos muito mal. Não temos estradas, ferrovias e hidrovias", lamenta o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte.
Na avaliação dele, o pacote do governo federal é emergencial, para melhorar uma infraestrutura já existente. Em alguns países, destaca o executivo, toda a malha rodoviária é pavimentada. Nos Estados Unidos, 67% das rodovias são asfaltadas. Na Índia, a malha pavimentada é equivalente a toda a malha brasileira, de 1,7 milhão de km.
O consultor Geraldo Vianna, diretor da CNT e ex-presidente da NTC&Logística, compartilha da mesma opinião de Duarte. Segundo ele, embora seja a sexta economia do mundo e tenha a maior malha pedagiada, o País ocupa a 20ª posição no ranking malha rodoviária ponderada pela extensão territorial e população. "Dificilmente conseguiremos consertar em poucos anos um abandono de três décadas. Neste momento, precisamos ter calma e objetivos claros para, talvez, conseguir corrigir em 15 anos o que estragamos em 30."
Para ele, mais importante do que os R$ 133 bilhões (ou R$ 80 bilhões nos primeiros cinco anos) do pacote é a mudança institucional e organizacional da área de transportes e logística. "O valor em si não representa muita coisa, já que está distante das necessidades do País e bem abaixo dos investimentos de nossos concorrentes China e Índia."
‘Ordem inversa’. Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, para aumentar o volume de estradas pavimentadas e reduzir a desigualdade no Brasil, o governo terá de fazer uma discussão muito mais profunda do que a atual. Os projetos atuais são decorrentes de uma demanda provocada pelo desenvolvimento regional, tem viabilidade econômica. "O resto tem lógica inversa: o projeto é que vai trazer o desenvolvimento regional para uma determinada região e, a partir daí, trazer o tráfego de veículo. Quem sabe um dia poderia ser concedida para a iniciativa privada."
Hoje, completa o professor, a demanda está concentrada em cerca de 50 mil km de estrada, que respondem por 80% da movimentação de carga do País. Um exemplo de Resende é a cidade de Juína, um município do Mato Grosso que fica na divisa com Rondônia. A carga agrícola produzida no local poderia ser levada para Porto Velho, a cerca de 300 km, e seguir via hidrovia. Mas a ligação entre as duas cidades é intransitável. "Toda produção tem de percorrer 3.150 km até o Porto de Paranaguá, no Paraná, para ser exportada. "O governo tem de selecionar corredores com potencial e trabalhar em cima. Isso cria um circulo virtuoso de longo prazo."
SÃO PAULO - O Brasil já tem a maior malha de rodovias pedagiadas do mundo. Quando concluir a licitação dos 7.500 quilômetros (km) previstos no pacote de concessão, lançado semana passada pelo governo federal, terá 22.973 km de estradas nas mãos da iniciativa privada - quase o dobro da segunda colocada, que é a Alemanha, com 12.788 km. Nos Estados Unidos, que detêm a maior malha rodoviária do mundo, a quantidade de rodovias com pedágios é de 8.430 km.
Apesar da liderança no ranking, o Brasil ainda deixa muito a desejar no quesito qualidade. Da malha total do País, apenas 12% é pavimentada. Boa parte, no entanto, em condições delicadas, conforme a última pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). No ano passado, a associação avaliou 92.747 km de rodovias asfaltadas e detectou que mais da metade estava em condição regular, ruim ou péssima.
Com a crise no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), deflagrada no ano passado e que paralisou quase todas as licitações para manutenção das estradas no País inteiro, a tendência é que os números piorem ainda mais este ano. "Estamos muito mal. Não temos estradas, ferrovias e hidrovias", lamenta o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte.
Na avaliação dele, o pacote do governo federal é emergencial, para melhorar uma infraestrutura já existente. Em alguns países, destaca o executivo, toda a malha rodoviária é pavimentada. Nos Estados Unidos, 67% das rodovias são asfaltadas. Na Índia, a malha pavimentada é equivalente a toda a malha brasileira, de 1,7 milhão de km.
O consultor Geraldo Vianna, diretor da CNT e ex-presidente da NTC&Logística, compartilha da mesma opinião de Duarte. Segundo ele, embora seja a sexta economia do mundo e tenha a maior malha pedagiada, o País ocupa a 20ª posição no ranking malha rodoviária ponderada pela extensão territorial e população. "Dificilmente conseguiremos consertar em poucos anos um abandono de três décadas. Neste momento, precisamos ter calma e objetivos claros para, talvez, conseguir corrigir em 15 anos o que estragamos em 30."
Para ele, mais importante do que os R$ 133 bilhões (ou R$ 80 bilhões nos primeiros cinco anos) do pacote é a mudança institucional e organizacional da área de transportes e logística. "O valor em si não representa muita coisa, já que está distante das necessidades do País e bem abaixo dos investimentos de nossos concorrentes China e Índia."
‘Ordem inversa’. Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, para aumentar o volume de estradas pavimentadas e reduzir a desigualdade no Brasil, o governo terá de fazer uma discussão muito mais profunda do que a atual. Os projetos atuais são decorrentes de uma demanda provocada pelo desenvolvimento regional, tem viabilidade econômica. "O resto tem lógica inversa: o projeto é que vai trazer o desenvolvimento regional para uma determinada região e, a partir daí, trazer o tráfego de veículo. Quem sabe um dia poderia ser concedida para a iniciativa privada."
Hoje, completa o professor, a demanda está concentrada em cerca de 50 mil km de estrada, que respondem por 80% da movimentação de carga do País. Um exemplo de Resende é a cidade de Juína, um município do Mato Grosso que fica na divisa com Rondônia. A carga agrícola produzida no local poderia ser levada para Porto Velho, a cerca de 300 km, e seguir via hidrovia. Mas a ligação entre as duas cidades é intransitável. "Toda produção tem de percorrer 3.150 km até o Porto de Paranaguá, no Paraná, para ser exportada. "O governo tem de selecionar corredores com potencial e trabalhar em cima. Isso cria um circulo virtuoso de longo prazo."
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Ação quer impedir aumento de tarifa em Pedágios

O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Autopista Litoral Sul,requerendo a anulação de todas as revisões tarifárias e a redução da tarifa de pedágio ao valor inicial de R$ 1,10, cobrado em 2009. Além disso, a ação pretende o ressarcimento em dobro de todos os valores cobrados indevidamente nas praças de pedágio, mesmo antes das obrigações mínimas estarem cumpridas, em 8 de junho de 2009. Segundo a ação, ajuizada pelo procurador da República Daniel Ricken, o contrato de concessão da rodovia prevê o início da cobrança de pedágio somente após a implantação de todas as praças. A conclusão da implantação das praças ocorreu no dia 8 de junho de 2009, data em que a cobrança deveria ter sido iniciada e que serviria como data-base para o cálculo dos reajustes da tarifa.
Ocorre que a cobrança foi iniciada 4 meses antes, mediante autorização da ANTT, que permitiu o adiamento da conclusão das praças, contrariando o contrato. Em relatório preliminar sobre as obras, realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), constatou-se que as condições necessárias para liberação da cobrança de tarifa só foram integralmente cumpridas em 8/6/2009, quando a última praça de pedágio foi concluída e liberada.
Além de não terem sido concluídas as obras necessárias, comprometendo a segurança, a trafegabilidade e o conforto dos usuários, foi realizada uma 2ª revisão da tarifa, porque teria sido incluído no cronograma de obras a manutenção de 81,9 km de vias marginais. Segundo o MPF, tal revisão é ilegal, porque as vias marginais de acesso à rodovia já estavam previstas no contrato. Segundo o procurador Daniel, esse entendimento também foi manifestado pelo TCU em seu relatório preliminar.
O MPF destaca o fato de que a sociedade vem pagando a tarifa de pedágio sem qualquer melhoria significativa, principalmente por causa do adiamento da obra do contorno viário da Grande Florianópolis, cujo atraso autorizado pela ANTT, segundo a ação e o TCU, é única e exclusiva culpa da concessionária. O TCU requisitou à ANTT, à concessionária e ao Ministério dos Transportes explicações sobre as irregularidades em apuração, em curso em Brasília. Os investimentos não aplicados, até o momento, na obra chegam a R$ 300 milhões, segundo o relatório.
Além da imediata redução da tarifa, o MPF quer que as revisões sejam recalculadas, considerando investimentos que foram adiados, o que não vem sendo feito pela ANTT. Isso significa que a concessionária não desembolsou os recursos previstos para o período, sem sofrer qualquer tipo de penalidade contratual. Para se ter uma ideia do impacto desse atraso, em 25 anos, a previsão de investimentos é de R$ 3 bilhões e já foram adiados, em menos de cinco anos, R$ 500 milhões.
Do Blog do Moacir Pereira
A Nova Revolução Farroupilha
Texto de Agenor Basso*
“Vocês gaúchos...”
É abril de
2005, às 6 horas da manhã, saímos de Caxias do Sul, tendo que chegar em
Curitiba às 14 h, na Assembléia Legislativa Estadual do Paraná, pois iniciaria
o Encontro Nacional de Usuários contra os pedágios.
A viagem é
longa. Os motoristas do micro cansados de outra viagem. Nós, 22 usuários da
ASSURCON-SERRA, firmemente imbuídos da missão de unir forças com o pessoal do
Paraná e Santa Catarina na busca da reversão da exploração praticada pelas
concessionárias de rodovias, através da cobrança de tarifas de pedágios que são
um verdadeiro assalto oficial.
O
pé-de-chumbo de um dos motoristas não deixa dúvidas de que estava empenhado em
fazer com que chegássemos no horário, mas até Curitiba era longe demais.
Chegamos
atrasados uma hora. Às 15 horas da tarde já havia começado o Seminário. Mas,
eis que 22 gaúchos adentram ao Plenarinho da Assembleia Legislativa quase
cheio, ocasionando uma verdadeira comoção geral.
A palavra é
dada para um caminhoneiro paulista que em vibrante e comovida manifestação
enderaçada aos recém chegados conclama:
“Vocês
gaúchos vão mudar esta exploração dos pedágios. Vocês que fizeram a Revolução
Faroupilha, vocês é que vão mudar esta roubalheira. Eu tinha cinco carretas,
agora tenho só duas de tanto pedágio que tenho que pagar, pois saio do interior
de São Paulo e para ir até o Porto de Santos, muitos vezes deixo de comer para
ter que pagar pedágios. Tive que vender três carretas. Não aguento mais pagar
tanto pedágio. Com a força de vocês gaúchos nós vamos mudar esta exploração.
A emoção
tomou conta de todos.
Os pronunciamentos que se seguiram, tanto sob o aspecto técnico, como dos fatos provocados pela instalação das
praças de pedágios nas rodovias, demonstram o quanto os usuários e a sociedade
brasileira está sendo vítima dos espertalhões do ganho fácil e das ações
indecorosas de agentes públicos trabalhando nas esferas de governo para
favorecer empreiteiras.
A luta dos
usuários e da ASSURCON no Rio Grande do Sul, desde o início, foi sempre insana.
Na Serra Gaúcha-Polo Caxias do Sul, a revolta foi violenta. A Convias tentou
embretar todo mundo. Nos revoltamos. Queimamos guaritas. Arrancamos barreiras e
garantimos o direito às vias alternativas. De quatro praças, três possuem vias
alternativas.
Em Viamão,
perto de Porto Alegre, a população fez uma verdadeira guerra campal, com
pessoas feridas com balas de borracha, prisões e revolta geral. Conseguiram
isenções e que o valor das tarifas baixasse até hoje.
Continuamos
na busca de demonstrar que os Polos de Pedágios eram todos irregulares.
Conseguimos que fosse instalada uma CPI dos Pedágios. Lá apareceu o “réu
confesso” da safadeza praticada por agente público, comprovando o que oito
Promotores Federais em 06 de novembro de 1997, já tinham demonstrado, mas a
Ação Civil Pública está há três anos parada na mesa de um Juiz Federal. Alguém
sabe porque?
Assume o
Governo do RS uma Governadora que só pensa em dar mais 15 anos de concessão
para as empreiteiras. Lança o tal DUPLICA-RS.
A sociedade Gaúcha se une liderada pela Associação dos Usuários de
Rodovias Concedidas – ASSURCON-SERRA,
percorremos todo o Estado do RS. Levantamos a sociedade, pressionamos os
Deputados Estaduais e Federais, acionamos o Governo Federal e a Governadora se
obriga a retirar o Projeto de Lei que estava em regime de urgência.
Chega o novo
período eleitoral em 2010. A ASSURCON-SERRA faz solicitação de audiência para
cada um dos três candidatos ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Nem Yeda
e nem Fogaça aceitam conversar com os usuários, mas Tarso Genro proporciona
mais de duas horas, ouvindo advogados, presidentes de sindicatos, lideranças ,
na realidade a sociedade. Levanta e peremptoriamente afirma que, se eleito, não
prorrogará os contratos de concessão dos Polos de Pedágios e mais, assina Termo
de Compromisso neste sentido. É efusivamente aplaudido e eleito Governador do
RS no primeiro turno.
Assume
e as pressões das concessionárias partem de todos os lados. O Governo dá
sinais de vacilar. Fazem propostas absurdas para poderem continuar cobrando
pedágios. Novamente as lideranças unem os usuários e provocam uma verdadeira
invasão do Palácio Piratini em dia e hora não agendados, juntamente com
Deputados com a visão do interesse público.
Finalmente,
no dia 24 de julho de 2012, às 10 h 30 min., no Palácio Piratini, o Governador
Tarso Genro realiza o ato mais aguardado pelos usuários de rodovias ou seja, a
comunicação oficial para as concessionárias dos Polos de Pedágios de que os
contratos de concessão não serão renovados.
Sim, nós
gaúchos, como afirmou o caminhoneiro paulista, damos o primeiro passo objetivo
na reversão desta exploração, neste verdadeiro assalto oficial e desta mais
recente forma de subjugar a sociedade gaúcha e brasileira, que são os pedágios
em rodovias.
A luta foi
dura, pesada, insana, com ameaças de toda ordem, mas ou nós cidadãos agimos ou
seremos esmagados pela força do poder econômico e pelos interesses políticos
escusos presentes nos Legislativos e nos Poderes Executivos, capitaneados pelas
empreiteiras, dando razão ao que afirmou o falecido senador ACM: “Vivemos a
república das empreiteiras.”
Esta
verdadeira guerra contra o abuso econômico das empreiteiras, nós gaúchos,
conseguimos a primeira e fundamental vitória, mas o embate não terminou, pois as empreiteiras
estão “bordando” o país de pedágios e isto precisa ser revertido, assim sendo,
continuamos juntos com os valorosos companheiros do Fórum Nacional Contra os
Pedágios e a AURESC de Santa Catarina.
*Secretário da Associação dos Usuários de Rodovias
Concedidas – Polo Caxias do Sul
terça-feira, 19 de junho de 2012
As relações sempre obscuras no Dnit
A Alberto e Pantoja - empresa fantasma apontada pela Polícia Federal como parte do esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira - recebeu pelo menos R$ 29,9 milhões da construtora Delta entre maio de 2010 e abril de 2011. Esses recursos, segundo levantamento realizado pela liderança do PSDB no Senado, eram provenientes de pagamentos realizados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e depois foram distribuídos pela Alberto e Pantoja para pessoas físicas e jurídicas envolvidas com o bicheiro.
A liderança do PSDB fez um cruzamento tomando como base os pagamentos recebidos pela Delta nacional entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. O dinheiro saía do Dnit e era depositado em duas contas correntes no Rio. No total, no período, a construtora recebeu R$ 985 milhões somente nessas duas contas identificadas pela equipe do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Desse total, R$ 29,9 milhões foram parar na conta da Alberto e Pantoja. Os saques, no mesmo período, somam igual valor.
Alguns destinatários dos pagamentos realizados pela empresa considerada fantasma são conhecidos da investigação. O contador de Carlinhos Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, que está foragido, foi beneficiário de vários cheques que somam R$ 8,3 milhões. Luiz Carlos Almeida Ramos, irmão de Carlinhos, recebeu dois cheques que totalizam R$ 119 mil. Wladmir Garcez, ex-vereador de Goiânia e apontado pela PF como braço político do esquema de Cachoeira, obteve depósitos de R$ 33 mil.
No levantamento, também aparece um cheque de R$ 45 mil, em abril de 2011, para Bruna Bordoni. Ela é filha do jornalista Luiz Carlos Bordoni, responsável pelos programas de rádio durante a campanha de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás, em 2010. A confecções Excitant, que emitiu três cheques, entre março e maio de 2011, para pagamento da compra da casa de Marconi, também recebeu recursos da Alberto e Pantoja. Foram duas transferências interbancárias, que somaram R$ 650 mil. Uma delas é no valor de R$ 400 mil, em maio do ano passado, valor idêntico ao depositado por Marconi em sua conta.
Ontem, o líder do PSDB, Álvaro Dias, disse que o cruzamento de dados revela a importância de a CPI do Cachoeira ouvir o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, cujo requerimento foi derrotado na semana passada.
- Apresento esse trabalho, senhores senadores, para comprovar que não se pede por pedir, não se exige simplesmente pelo gosto da exigência, mas porque é necessário ouvir, para adotar providências posteriores, o senhor Fernando Cavendish e o senhor Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit, que, aliás, surpreendentemente, afirmou ter sido derrubado do cargo que ocupava pelo bicheiro Cachoeira e pelo empresário Fernando Cavendish - discursou Dias.
sábado, 16 de junho de 2012
PEDÁGIO: ESTRADA MAIS SEGURA?
Santa Catarina aparece 12 vezes em ranking dos trechos mais perigosos de rodovias federais
Marcas da violência no trânsito no trecho da BR-101 em São José são muitas entre os KM 200 e 210
Em um ranking da PRF (Polícia Rodoviária Federal) formado por 60 trechos das rodovias federais mais perigosas do Brasil, Santa Catarina aparece 12 vezes. O segundo local mais perigoso está no Estado. Trata-se do intervalo que compreende os quilômetros 200 até 210 da BR-101, entre os bairros Forquilhinhas e Serraria, ambos em São José. Em 2011, foram 17 vítimas fatais, 476 acidentes com feridos e 980 sem vítimas. Os quilômetros seguintes, 210 a 220, estão como o sétimo mais perigoso.
O grande problema deste trecho da BR-101 não está em sua conservação nem na sinalização. Esses itens são considerados adequados pelo inspetor da PRF Fábio Santos. “Não é a melhor rodovia em questão de sinalização, mas nesse quesito a BR-101 não oferece perigo”. O que transforma os dez quilômetros da BR-101 em uma rodovia da morte é a imprudência dos motoristas aliada a uma população que só aumenta no entorno da BR. Além disso, o tráfego é sempre intenso no local, chegando a 150 mil carros por dia.
Segundo o inspetor da PRF, ver pessoas tentando atravessar as pistas da rodovia no lugar de utilizar os túneis para pedestres é comum. “Temos muitos casos de atropelamento porque o número de moradores na região é muito grande”, informa. Para evitar qualquer acidente, as amigas Janete Souza, 21, e Camila da Silva, 18, optaram por caminhar mais e atravessar em um dos cinco túneis existentes nos dez quilômetros. “É perigoso, nunca tínhamos caminhado tão perto da BR. Os carros passam voando ao nosso lado”, disse Janete que precisou carregar o filho Kaike, 4, nos braços com medo do menino correr para a rodovia.
Além dos atropelamentos, colisões traseiras e acidentes envolvendo motociclistas somam-se às ocorrências mais comuns nestes dez quilômetros. “Como a rodovia se transformou em uma via urbana, os motoristas pensam que podem dirigir da forma como bem entendem”, salientou.
População sofre com a BR dividindo a cidade
Os bairros Kobrasol e Roçado são vizinhos, com uma densidade populacional grande e separados por um muro chamado de BR-101. Quem mora em qualquer um dos lados sofre para cruzar a rodovia. É o caso da aposentada Antônia Bonete, 73, que sai todos os dias do Roçado em direção ao Kobrasol. Para cruzar a pé a marginal da rodovia, ela precisa contar que os motoristas parem na faixa de pedestre e, além disso, apressar os passos. “É muito perigoso, já soube de muita gente que morreu atropelada aqui”, disse preocupada.
Presenciar acidentes e motoristas em alta velocidade faz parte da rotina do atendente de uma importadora, Edivaldo Freitas, 20. A empresa está localizada em frente ao quilômetro 210, na região da área industrial de São José. “Em horário de movimento, muito motorista dirige pelo acostamento colocando em risco os pedestres e até outros carros que estão parados por outro motivo”, relatou.
Para chegar ao trabalho, o funcionário de uma lavação, José Adeildo, 25, enfrenta a BR-101 de bicicleta. Ele assume que tem medo da rodovia, mas não tem outra opção para chegar de Forquilhinhas ao Kobrasol. Para ele, criar ciclovias seria fundamental para garantir um pouco de segurança, afinal, em alguns trechos ,José não pode contar nem com calçadas.
Dicas
Atentar-se à legislação de trânsito é dica fundamental para evitar acidentes em toda a rodovia. O inspetor de trânsito da PRF, Fábio Santos, observou ainda que é importante prestar atenção na condição da rodovia no momento em que se trafega por ela. “Motociclistas são sempre vítimas de acidente em potencial, porque eles querem passar pela fila ultrapassando os carros pela faixa central”, alertou.
O caminhoneiro José Manoel Vieira, 62, não passa todos os dias pela BR-101, mas garante que se sente inseguro em dirigir principalmente nos horários de maior movimento. Ele concorda com o inspetor da PRF, dizendo que para ele o grande perigo está nos motoristas e motociclistas apressados, que não conseguem esperar na fila e fazem ultrapassagens arriscadas.
BOX
Trechos mais perigosos
1º lugar
Rodovia: BR-316
Onde: Pará
Trecho: KM 0 a 10
18 vítimas fatais
423 acidentes com vítimas
1671 acidentes sem vítimas
EM SANTA CATARINA
2º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: Santa Catarina
Trecho: KM 200 a 210
17 vítimas fatais
476 vítimas feridas
980 acidentes sem vítimas
7º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: São José e Palhoça
Trecho: KM 210 a 220
11 vítimas fatais
344 vítimas feridas
528 acidentes sem vítimas
14º lugar
Rodovia: BR-282
Onde: Florianópolis a Santo Amaro da Imperatriz
Trecho: KM 0 a 10
8 vítimas fatais
245 vítimas feridas
549 acidentes sem vítimas
16º lugar
Rodovia: BR-470
Onde: Gaspar
Trecho: KM 50 ao 60
3 vítimas fatais
249 vítimas feridas
573 acidentes sem vítimas
42º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: Tijucas
Trecho: KM 0 a 10
7 vítimas fatais
142 vítimas feridas
371 acidentes sem vítimas
43º lugar
Rodovia: BR-470
Onde: Gaspar
Trecho: KM 60 a 70
11 vítimas fatais
146 vítimas feridas
219 acidentes sem vítimas
49º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: Biguaçu
Trecho: KM 190 ao 200
3 vítimas fatais
171 vítimas feridas
227 acidentes sem vítimas
55º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: Tijucas
Trecho: KM 140 a150
5 vítimas fatais
145 vítimas feridas
223 acidentes sem vítimas
57º lugar
Rodovia: BR-101
Onde: Tijucas
Trecho: KM 120 a 130
9 vítimas fatais
108 vítimas feridas
285 acidentes sem vítimas
58º lugar
Rodovia: BR-280
Onde: São Francisco do Sul
Trecho: KM 50 ao 60
3 vítimas fatais
158 vítimas feridas
178 acidentes sem vítimas
* Dados de 2011 da PRF
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